“Em Gênesis 2,4 “aparece pela primeira vez o sacrossanto Nome de JAVÉ (YHWH), cujo sentido na tradição bíblica é “AQUELE-QUE-É”. A tradução errada “Jehovah” (Jeová ou Geová) só subsiste nos meios de baixa cultura ou em nomes próprios da velha geração . Hoje o Tetragrama Sagrado, que se pronuncia em hebreu YAHWEH, está devidamente implantado na língua portuguesa em sua forma correta que é JAVÉ. Também todas as outras línguas modernas abandonaram a errada leitura “jehovah” deixando-a unicamente para a seita que se autodenomina com o uso desse barbarismo.”
“O nome de JAVÉ é uma forma do verbo SER, e significa “AQUELE-QUE-É”, em todos os sentidos: historicamente, Aquele que está presente a seu povo, mas também o SER TRANSCENDENTE do qual dependem todos os outros seres. A Bíblia inteira vai aprofundando cada vez mais essa admirável designação de Deus até as fórmulas trinitárias do Apocalipse: “ELE ERA, ELE É, ELE VEM” referindo-se à transcendência e à vinda de Deus em seu Filho Jesus (Apocalipse 1,4.8).”
Êxodo 3,15: “EU SOU AQUELE QUE SEREI” – “A pergunta do versículo 13, o versículo 15 responde dando o nome pedido [por Moisés]: YHWH (pronunciado IAHVÉ ou IAHÔ) é o meu nome para sempre. Conforme a tradição “eloísta” (Êxodo 3,9-15) e a tradição “sacerdotal” (Êxodo 6,2-3), este nome só foi revelado no tempo d Moisés, ao passo que, segundo a tradição “javista”, era conhecido e invocado desde os primórdios da humanidade (Gênesis 4,26).” (Bíblia Mensagem de Deus)
“O verso 14 surge como uma explicação doutrinal do nome que Israel dá a Deus. O nome de YHWH tem provavelmente uma origem pré-israelita; mas, seja como for, este texto fundamental que, jogando com uma etimologia plausível (cf. Êxodo 2,10), ligar este nome a uma forma antiga do verbo SER, SER ATUANTE: “HAWAH”. Outros textos (Êxodo 33,19; 34,6-7) esforçaram-se ainda por explicitar a riqueza contia no nome de YHWH. Mas a frase enigmática: “EU SOU (ou SEREI) AQUELE QUE SOU (ou SEREI)” não desvela facilmente o sentido.
Podemos compreender: “EU SOU QUEM SOU”, isto é, não quero ou não posso dizer quem eu sou (cf. Gênesis 32,30; Juízes 13,18, onde o anjo do Senhor [Javé] se recusou a dizer o nome). Como o contexto mostra que enfim Moisés fica realmente à par de um nome que pode servir de sinal, o verso 14 significa, segundo esta interpretação, que mesmo o nome de YHWH revelado no verso 15 não poderia exprimir totalmente o mistério de Deus. Deus não pode ser encerrado em palavras.
Podemos também compreender: “EU SOU AQUELE QUE É”, em oposição aos deuses que não existem (Isaías 43,10) ou que não são nada (Isaías 41,24). A tradução grega (Septuaginta) deu este sentido.
Podemos, enfim, levar em conta todos esses significados, observando que o contexto fala do Deus que está presente com Moisés para ajudá-lo na obra da salvação (Êxodo 3,12; 4,12.15) e que a forma verbal empregada tem, no hebraico, valor tanto de futuro como de presente. Neste caso, a frase “EU SOU QUEM SEREI (ou ESTAREI)” quer afirmar : “EU ESTOU AÍ CONVOSCO, NA MANEIRA QUE VEREIS”. Pela história da salvação dos homens é que Deus manifestará pouco a pouco que Ele é. Outros textos exprimiam o mesmo pensamento: Oseias 1,9 (por causa dos pecados do povo, Deus disse: “EU NÃO EXISTO PARA VÓS”). Isaías 52,6 (conhecer o nome de Deus é conhecer que Ele é aquele que diz: “EIS-ME AQUI!”). Do mesmo modo, a fórmula de Apocalipse 1,4.8: “ELE É, ELE ERA e ELE VEM”, é um desenvolvimento do “EU SOU” de Êxodo 3,14. Notemos, enfim, que Rashi, exegeta judeu da Idade Média, comentava assim: “EU SEREI COM ELES NESTA AFLIÇÃO O QUE SEREI COM ELES QUANDO ESTIVEREM SUBJUGADOS A OUTROS REINOS.”
Por volta do século IV a.C. surgiu o costume de não se pronunciar mais o nome de YHWH, de modo que para nós é difícil saber com que vogais era pronunciado. Em seu lugar, dizia-se “ADONAY” (O SENHOR), o que levou a versão grega a utilizar “KYRIOS” (O SENHOR), termo retomado pelo Novo Testamento (cf. Atos 2,36; Filipenses 2,11). As formas abreviadas “YAH”, “YAHU”, já bem antigas, são utilizadas no grito de louvor “HALLU-YAH” (LOUVAI A JAVÉ – O SENHOR) e na formação de muitos nomes próprios: “ELIYÁHU” ( = Elias: “meu Deus é Javé – o Senhor); “YEHOSHUA” ( = Josué, Jesus, “Javé (o Senhor) salva”).
Uma tradição judaica viu nesta denominação: “DEUS DE ABRAÃO, DEUS DE ISAAC, DEUS DE JACÓ” [Êxodo 3,15], o nome revelado para sempre, reservando para Êxodo 6,3 a valorização do nome de YHWH (cf. Mateus 22,31-32).
“É ESTE O MEU MEMORIAL”, conforme Oseias 12,6 . O nome é qualificado de memorial porque permite aos homens lembrar-se de quem é Deus, e faz Deus se lembrar dos homens que o invocam com este nome.” (Bíblia TEB).
“A Tradição javista faz o culto de IAHWEH remontar às origens da humanidade (Gêneses 4,26) e utiliza este nome divino em toda a história patriarcal.
Segundo a tradição eloísta, à qual este texto [Êxodo 3,13-15] pertence, o nome de IAHWEH, como o nome do Deus dos Pais, foi revelado só a Moisés.
A tradição sacerdotal (Êxodo 6,2-3) concorda com ela, especificando apenas que o nome de Deus dos Pais era EL SHADDAI (cf. Gênesis 17,1+).
Esta narrativa, um dos pontos altos do Antigo Testamento, propõe dois problemas: o primeiro, filológico, diz respeito à etimologia do nome “IAHWEH”; o segundo, exegético e teológico, ao sentido geral da narrativa e ao alcance da revelação que transmite.
1.º) Procurou-se explicar o nome IAHWEH por meio de outras línguas que não fosse o hebraico, ou então , por meio de várias raízes hebraicas. É preciso, provavelmente, ver aí o verbo “SER” numa forma arcaica. Alguns reconhecem aqui uma forma causativa deste verbo: “ELE FAZ SER”, “ELE TRAZ Á EXISTÊNCIA”. Muito mais, provavelmente, trata-se da forma verbal simples, e o termo siginifica: “ELE É”.
2.º) Quanto à interpretação, o termo é explicado no versículo 14, que é antigo acréscimo da mesma tradição. Discute-se sobre o significado desta explicação: ‘EHYED ‘ASHER ‘EHYED. Deus, falando de si mesmo, só pode empregar a primeira pessoa: “EU SOU”.
O hebraico pode-se traduzir literalmente: “EU SOU AQUELE QUE SOU”; e segundo as regras da sintaxe hebraica, isso corresponde a “EU SOU AQUELE QUE É”, “EU SOU O EXISTENTE”, foi assim que compreenderam os tradutores da Setenta: “EGO EIMI HO ÔN”.
Deus é o único verdadeiramente existente. Isto significa que Ele é transcendente e permanece um mistério para o homem. E também, que ele age na história. do seu povo e na história humana, a qual ele dirige para um fim.
Esta passagem contem em potência os desenvolvimentos que a sequência da Revelação lhe dará (cf. Apocalipse 1,8: “ELE ERA, ELE É E ELE VEM, O SENHOR DE TUDO”).” (Bíblia de Jerusalém).
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