O ANTICRISTO SERÁ PACIFISTA, ECOLOGISTA E FILANTROPO

A guerra – é dito nos diálogos de soloviev – é certamente um mal, mas devemos lembrar que tanto na vida das pessoas como na vida das Nações, por vezes, há situações que não se pode responder com conselhos ou boas palavras à violência má. Biffi Diz que, segundo Soloviev, enquanto os ideais de paz e fraternidade são valores cristãos indiscutíveis e vinculantes, o pacifismo ou a não violência não são a mesma coisa, pois acabam por se tornarem, muitas vezes, uma capitulação social a prevaricação é um abandono dos pequenos e dos fracos sem defesa, a mercê dos iníquos e prepotentes.
O Cardeal continua dizendo que o anticristo será uma ecologista, Lembrando que este é um termo moderno que o autor Russo obviamente não utiliza, mas sua descrição é muito clara: “o novo Senhor do mundo, diz soloviev, era acima de tudo filantropo, cheio de compreensão, não só amigo dos homens, mas também dos animais. pessoalmente ele era vegetariano, proibiu a vivissecção, as sociedades protetoras dos animais foram fomentadas de todas as formas”.
O anticristo, finalmente, se mostrará como perfeito é ecumenista, capaz de dialogar com “palavras doces, sabedoria e eloquência”. convocará todas as religiões cristãs para um Concílio ecumênico sob sua presidência. Promoverá a união com a dádiva, buscará a o Consenso por meio de concessões e dos favores mais apreciados, “demonstrando a todos o mesmo amor, a mesma solicitude para satisfazer a verdadeira aspiração de cada um”.
É um ecumenismo, diz o cardeal Biffi, exterior e quantitativo que vai funcionar quase perfeitamente: as massas de cristãos entrarão em seu jogo. o cardeal conclui seu resumo da obra de soloviev: apenas um pequeno grupo de católicos com a liderança do papa Pedro II, um pequeno número de ortodoxos é alguns protestantes resistirão ao fascínio do anticristo. Eles chegarão a um ecumenismo da verdade, reunindo-se na única igreja e reconhecendo o primado de Pedro. Mas será um ecumenismo escatológico, que se realize quando a história estiver chegando ao seu fim.
O cardeal pergunta-se então: qual é a advertência profética que chega até nós dessa espécie de parábola do grande filósofo russo?
Chegará o tempo, diz o pregador dos exércicios espirituais do papa do ano 2007, quando na cristandade se tenderá a resolver o mistério da salvação em uma série de valores de sucesso fácil nos mercados mundanos. ” devemos nos guardar desse perigo. Mesmo quando um cristianismo que falasse de valores largamente nos fizesse infinitamente mais aceitável nos salões, nos grupos sociais e políticos, nas transmissões de TV, não poderíamos e nem deveríamos renunciar ao cristianismo de Jesus Cristo, o cristianismo que está centrado no escândalo da cruz e na realidade pungente da ressurreição do senhor”.
O filho de Deus, crucificado e ressuscitado, único salvador do homem, não pode ser traduzido em uma série de bons projetos e de boas inspirações homologáveis com a mentalidade mundana dominante. É uma pedra, como ele disse claramente de si-como raramente temos a coragem de repetir, sobre esta pedra se constrói confiante ou, opondo-se a ela, acaba-se em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará esmagado (MT, 21,44)”.
Não há dúvida de que o cristianismo é antes de tudo um advento, mas também é indubitável que este advento propõe é defende valores inalienáveis. Não se pode, por amor ao diálogo, dissolver o fato cristão em uma série de valores compartilhados pela maioria; não se podem menosprezar os verdadeiros valores como sendo algo descartável. Um discernimento, afirma o cardeal, se faz necessário.
Existem valores absolutos, transcendentais – continua com a verdade , o bem, a beleza. Aqueles que os percebem, os honram e os amam, percebem, honram e amam Jesus Cristo, ainda que o não saibam e até mesmo se vejam como ateus, porque no ser profundo das coisas Cristo é a verdade, a justiça e a beleza.
Há também outros valores relativos (categoriais) como o culto à solidariedade, o amor pela paz, o respeito pela natureza, a atitude do diálogo etc. Eles merecem um juízo mais flexível que preserve a reflexão de qualquer AMBIGUIDADE. Solidariedade, paz, natureza e diálogo podem se tornar para os não-cristãos ocasiões concretas de aproximação inicial e informal com Cristo e seu mistério. Mas, se para observá-los torna-se absolutos até se separar totalmente de sua raiz objetiva, ou, pior ainda, até se contrapor ao anúncio do fato salvífico, tornan-se incitamento à idolatria e obstáculos no caminho da salvação”.
” Do mesmo modo, no cristão, esses mesmos valores – solidariedade, paz, natureza, diálogo – podem fornecer impulsos valiosos para o aprofundamento de um verdadeiro amor a Jesus Cristo, senhor do universo é da história. Mas se o cristão, por amor ao diálogo e as boas relações de vizinhança para com todos, quase sem perceber, deixa de lado o fato salvífico na exaltação e realização desses fins secundários, e com isso impede a conexão pessoal com o filho de Deus crucificado e ressuscitado, vai pouco a pouco consumando o pecado da apostasia até se colocar ao lado do anticristo”, concluí o Cardeal Biffi.
Creio que esses parágrafos pregados ao santo padre, em seus exercícios espirituais de 2007, constituem bons elementos de discernimento diante da atual desordem de idéias e atitudes dentro e fora da igreja. Fica por nossa conta, com o auxílio da graça de Deus, despojar-nos de critérios mundanos para avaliar de modo cristão a realidade, sabendo que na hora de tomar nossas próprias decisões pessoais, sobretudo aquelas que comprometem a fidelidade às exigências de Jesus Cristo, o critério mundano nos levará a optar pelo que não nos traga complicações, o que agrada aos outros, o que é tido pelo mundo como POLITICAMENTE CORRETO. Será sempre covardia – e as vezes apostasia – nas decisões de consciência preferir a boa fama, ou a segurança do trabalho estável, ou o ganho político, ao invés de dar o testemunho de Cristo.
Converter-se significa, dizia o cardeal Ratzinger, não viver como todos, não se justificar com atitudes duvidosas, ambíguas, más, pelo fato de que outros fazem o mesmo; começar a ver a própria vida com os olhos Deus; buscar, portanto o bem, ainda quando seja incômodo; não fazê-lo pensando no julgamento da maioria, dos homens, mas no juízo de Deus.
Por outras palavras: buscar um novo estilo de vida, uma vida nova, que necessariamente repercutirá nas estruturas temporais.

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