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Em um hangout digno de pena, o Everaldo Santana defendeu a tese furada de que a maioria dos pais da Igreja REJEITARAM a interpretação tradicional de Mt 16,18, acerca da pedra.
Fala, sem conhecer Catolicismo, de “consenso unânime” dos Pais, quando deveria precisar o conceito e dizer: “consenso MORALMENTE unânime”.
Porquanto há diferença entre uma coisa e outra.
E é esse o sujeito que acha que é páreo pra mim…
Não é de hoje que o protestantismo, retalhando os Pais, busca embasamento para essa ficção.
E Everaldo embarca na mentira, escorado em Launoy, citado assim pelo Fabiano Dias, há algum tempo:
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O escritor CATÓLICO Launoy, depois de prolongados estudos, chegou a elaborar a seguinte estatística: dos antigos Padres e escritores eclesiásticos, 17 consideraram Pedro como a rocha; 44 consideram a confissão de Pedro como a rocha; 16 consideram Cristo como a rocha; enquanto 8 opinam que a igreja foi construída sobre todos os apóstolos”
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Parece que esse herege do Everaldo não sabe que, como lembra John Broadus, consagrado comentarista protestante (batista),as “conclusões” de Launoy e de Kenrich (que não sei como não foram referidos pelo Everaldo):
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“…merecem pouca confiança” (Comentário do Evangelho de Mateus, Casa Publicadoora Batista, p.87)
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Sim!
Essa “estatística” ridícula é mentirosa!
Não merece credibilidade.
Porque os Pais NUNCA negaram o sentido óbvio do texto de Mateus.
Acontece que os Pais, algumas vezes, ACOMODARAM O TEXTO, SEM PORÉM NEGAREM À PASSAGEM O SENTIDO ÓBVIO QUE ELA POSSUI, que é o literal.
Até um racionalista do estofo de Alfred Loisy o admitiu (destaques meus):
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“Em verdade, não é necessário provar que as palavras de Jesus se dirigem a Simão, filho de Jonas, que deve ser e foi a pedra fundamental da Igreja; que elas não se referem exclusivamente à fé de Pedro ou dos que poderão ter a mesma fé que ele; menos ainda pode aqui “pedra” designar o próprio Cristo. SEMELHANTES INTERPRETAÇÕES PODERÃO TER SIDO PROPOSTAS PELOS ANTIGOS COMENTADORES EM VISTA DAS APLICAÇÕES MORAIS, E RELEVADAS PELA EXEGESE PROTESTANTE COM INTERESSE POLÊMICO. MAS SE AS QUISERMOS TRANSFORMAR EM SENTIDO HISTÓRICO DO EVANGELHO NÃO PASSAM DE DISTINÇÕES NULAS QUE FAZEM VIOLÊNCIA AO TEXTO” ( Les Evangiles Synoptiques’, Tomo II, pp. 7-8.)
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Um dos melhores exemplos disso é S. João Crisóstomo:
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“Jesus não disse que edificou a sua Igreja sobre Pedro, porque ele não edificou a sua Igreja sobre um homem, mas, sobre a fé. Que significa, então, ‘sobre esta pedra’ ? Significa: sobre a confissão contida em suas palavras…Sobre esta pedra, isto é, sobre a fé contida em sua confissão” (Hom. 54,2).
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É de textos assim que os protestantes se servem, querendo jogar os Pais contra a Igreja, fazendo-os negar o Primado de Pedro, que eles nunca negaram.
Descontextualizando os Pais, os protestantes bradam uma vitória impossível por vias legítimas.
Assim, para a tristeza dos protestantes, S. João Crisóstomo NÃO REJEITOU A EXEGESE LITERAL, que ele afirma claramente em outros lugares, como neste, que deixo em bom latim (destaques meus):
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“Petrus itaque chori illius coryphaeus, apostolorum omnium, caput illius familiae, orbis totius praefectus, FUNDAMENTUM ECLESIAE” (Hom. in illud: “hoc scitote”, n. 4)
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Agora traduza, Everaldo, você que é um primor de purista…
Aí está!
Para S. João Crisóstomo, Pedro é o “fundamento da Igreja” (“fundamentum eclesiae”).
De onde será que S.João Crisóstomo foi tirar essa ideia, hein, Everaldo ?
Mas,e o outro texto do grande Bocade Ouro? Não nega ele a exegese clássica?
Não!
Não nega.
O que Crisóstomo quer sublinhar, naquela passagem, é que o Senhor fundou sua Igreja não sobre Pedro como simples homem, como pessoa particular, mas sobre Pedro CONFESSOR DA FÉ e, como tal, fundamento da Igreja que sobre a fé repousa.
O sentido literal, na passagem, está suposto.
Em S. João Crisóstomo e também nos demais Pais que, como ele, referem alguma vez a “confissão de Pedro” como sendo o objeto da sentença de Cristo.
Está suposto, digo, porque eles, em outros momentos, interpretam literalmente, asseverando que Pedro é a pedra.
Fica, pois, clara a significação dos comentários patrísticos que ressaltam a “confissão de Pedro” como sendo a pedra.
Sobre isso Maldonado, grande comentarista, é bem claro ( destaques meus):
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“Diante disto, está claro que os Padres que disserram que “super hanc petram” devesse ser interpretado como “sobre esta fé”, ENTENDIAM ESTA INTERPRETAÇÃO DIFERENTE DOS HEREGES. Portanto, a interpretação mais correta parece-me ser a que diríamos que a Igreja seria construída sobre a fé e sobre a confissão de Pedro, isto é, sobre Pedro em razão de sua fé e confissão, como todos os outros autores interpretaram….CERTAMENTE ESTÁ EVIDENTE, A PARTIR DAS PALAVRAS DESTES AUTORES [Os Padres da Igreja] QUE ELES NÃO DESEJAVAM NEGAR, COMO OS HEREGES QUEREM, QUE PEDRO FOSSE A FUNDAÇÃO DA IGREJA” (Em ‘A verdade sobre o Papado’, Rafael Merry del Val, Editora Loreto, p. 41).
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Esse sentido acomodatício, que se percebe nos antigos, ATÉ O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA o ressalta:
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“Movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, cremos e confessamos acerca de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Foi sobre a rocha desta fé, confessada por São Pedro, que Cristo construiu sua Igreja” (§ 424).
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Será que o Everaldo Santana vai alegar agora que a própria Igreja Católica interpreta o texto de acordo com os protestantes e nega que a exegese do texto conduz à conclusão de que a pedra é Pedro ?
Antes que ele invente de adiantar essa tolice, de novo o Catecismo:
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“Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu como a pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as suas chaves, instituiu-o pastor de todo o rebanho” (nº 881).
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Assim, fica bem claro que os Pais da Igreja jamais recusaram a interpretação tradicional do texto.
Adianto que os Pais que, porventura, Everaldo venha a aduzir, aceitam igualmente a exegese literal, e que facilmente demonstrarei isso, em momento oportuno.
Não faço agora porque desejo que esse tolo venha responder, PONTO POR PONTO,o que acabo de expor.
PONTO POR PONTO!
Para ele passar vergonha.
Com bastante gente assistindo.
Agora, Everaldo, quero isso EM POST!
Em simples comentário, não espere resposta minha…
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Por Maria,
Fábio Morais.
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