A INQUISIÇÃO E A BRUXARIA

•Este constitui, indubitavelmente, outro dos pesados e mais infundados mitos lançados sobre as costas da Inquisição espanhola. Assim o reconhecia o historiador John Tedeschi – na introdução às atas do simpósio interdisciplinar da Inquisição medieval e moderna, celebrado em Copenhagen em 1978 – ao afirmar: “A magnitude de nossa ignorância é de tirar o fôlego. Encontramo-nos na escuridão quanto a questões vitais como as que concernem à natureza da continuidade de formas medievais e modernas da Inquisição em suas modalidades na península ibérica e italianas. A partir daí, e continuando pesquisas anteriores, eruditos como o dinamarquês Henningsen, o recém – citado Tedeschi, William Monter e o espanhol Jaime conteras, Elaborariam os estudos científicos mais profundos que até hoje se conhecem acerca da bruxaria na idade média e moderna, e que demonstre de montão completamente esta lenda Negra.

• A verdade é que – como tiveram de reconhecer inclusive seus inimigos, posteriormente – ninguém na história da humanidade foi tão benigno com os acusados de bruxaria como a inquisição espanhola, que os tomava por simples embusteiros ou loucos. Compartilham desta opinião Caro Baroja, e o próprio Cecil Roth: “o espanhol não tinha necessidade de buscar nas atividades absurdas de uma quadrilha de estelionatários ignorantes um objetivo para as suas suspeitas reprimidas e uma desculpa para desgraças públicas e privadas; havia um grupo completo da população que fazia as vezes de bicho papão, e cuja as tribulações representaram a salvação das bruxas. Outro inimigo da Inquisição, Gerard Dufour, reconhece: “não se deve ter medo algum de dizer que, em comparação com a crueldade estúpida de que deu mostra nesse terreno toda Europa (leia-se protestante) A inquisição espanhola manifestou uma sensata prudência.
Os protestantes, ao contrário dos católicos, convertiam toda a ficção e fantasia e realidade. Fantasia que se castigava sistematicamente com a pena da fogueira. Somente na Alemanha seriam queimadas vivas 100 mil pessoas acusadas de bruxaria, e na Inglaterra outras 30 mil, fato reconhecido e documentado por historiadores da mesma confissão. Charles Lea, protestante, é da opinião de que o tratamento dado pela inquisição espanhola à bruxaria foi mais do que razoável, ao contrário dos reformadores, aos quais atribui 150 mil vítimas fatais. Afirma o mesmo historiador que o senso comum com que a inquisição atuou nesta matéria “salvou a Espanha da destruição que a loucura contra as bruxas produziu No resto da Europa”( Charles Lea, História da Inquisição espanhola). São eles mesmos quem o dizem. A opinião dos Protestantes sobre esta matéria pode ser resumida nas declarações do inglês Sir William Blackstone: “negar a possibilidade, ou melhor, a existência da bruxaria e feitiçaria, é pura e simplesmente contradizer a palavra revelada por Deus”( Carlos pareyra, Breve História da América, citado em Tomás Barutta, citado também os historiadores Tuberville e Bernardino Llorca). Com esta interpretação particular das escrituras (comum entre os reformadores), justificaram sua singular Caça às Bruxas, cometendo um verdadeiro holocausto. A isto Acrescenta Tuberville: “Enquanto a inquisição espanhola era, no geral, singular razoável no tratamento dado à bruxaria, considerando as coisas dos Sabatt(nome dado às cerimônias de bruxaria) como um engano, os protestantes escoceses torturaram brutalmente milhares de desgraçadas mulheres acusadas de bruxaria (Pietro Gutierrez, Historiador não simpático à Inquisição, reconhece que ela contribuiu para que não ocorressem na Espanha perseguições com a mesma intensidade e violência daquelas que no mesmo período se organizavam no resto da Europa ocidental). Outro respeitado Historiador diz: Enquanto alguns sacerdotes católicos, especialmente frei Spee, pronunciavam-se com energia e bons resultados contra o que havia de absurdo e Bárbaro nos processos de bruxaria, Benito Carpezob,de leipzig (1666), a quem chamavam O legislador da saxônia, e cujas opiniões eram de grande peso em matérias de direito canônico ou criminal, defendia que era necessário castigar com penas severas não só a feitiçaria, mas também os que que negassem a possibilidade dos pactos didiabólico. Em um caso famoso, Por Exemplo foi o da sanguinária Perseguição dos Protestantes as bruxas de Salém na América do Norte. Também os judeus perseguiam estes bruxos, fato pouco mencionado. Entre os requisitos exigidos para ocupar a magistratura, maimônides exigia que os juízes tivessem conhecimentos de medicina, astrologia, aritmética e astronomia, para saber como julgar “as práticas dos Feiticeiros e Magos, assim como as absurdas superstições da idolatria de assuntos similares.
• “Eram tempos de superstição – observa Henningsen. A força que impulsionou o fenômeno foi uma epidemia onírica. Um grande número de pessoas, sobretudo crianças, começaram a sonhar que eram transportadas a rituais durante a noite enquanto Dormiam em suas camas. Este surto do que os psicólogos chamariam de sonhos estereotipados foi estendendo-se de Aldeia em Aldeia; noite após noite, numerosas pessoas, afetadas pela onda onírica, sonhavam que eram transportadas a rituais. Assim que os adultos e crianças enfeitiçadas começavam a contar publicamente suas experiências noturnas, pôs-se em marcha a ronda do Pânico.

• A inquisição espanhola solucionou o problema facilmente, graças às lúcidas observações do inquisidor Alonso de Salazar: “não havia bruxas nem enfeitiçadas no lugar até que se começou a tratar e falar deles”. Foi assim que em 1612 percebeu que o melhor remédio contra a expansão da bruxaria era o silêncio Absoluto. E o tempo lhe deu razão, já que em pouco mais de um ano desapareceram por completo Os focos de bruxaria,e isto sem queimar a um um único “bruxo”. Além disso, o Santo Ofício, sempre Prudente, havia comprovado mediante a as sagazes observações de teólogos respeitadíssimos como Alfonso de Castro especialmente por seu (adversus haereses de 1541) que os focos ocorriam nas regiões onde havia menor instrução. A esta ignorância por parte do Povo pode-se atribuir em grande medida sua magnânima tolerância, por entender que havia falta de intenção, assim os ficaram os inquisidores de Galícia em 1585:
A razão porque se usa pouco Rigor com os fornicadores é que entendemos por experiência e estamos persuadidos de que a maioria do que aprendemos dentre os naturais destes reinos onde há muita falta de doutrina, especialmente entre os lavradores e rústicos, falam bobagens sem saberem o que dizem, por ignorância e não com ânimo de dizer heresias.

Seque no próximo texto os processos de bruxaria

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